segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Fim de semana no sofá

Há várias relações que se podem estabelecer ao longo da vida.

Uma dessas relações pode ser com o nosso sofá.

É confortável. Podemos deitar-nos em cima dele e virar e revirar e voltar a virar. Quando chegamos recebe-nos de braços abertos. Quando vamos embora sem dizer nada ele não se queixa, porque confia e sabe que vamos voltar. E quando voltamos a deitar-nos com ele, o sofá sabe que nos tem só para ele pelo tempo que for necessário. Ele ganha as nossas formas. Nós acomodamo-nos a ele. Choramos. Caímos. E sentimo-nos como se fossemos abraçados. E mesmo quando saímos por mais tempo, ele conhece as nossas formas. E às vezes trazemos outras pessoas para ele sentir a vida que nos rodeia. Deixamos entrar alguém na nossa intimidade. Não é sempre, porque precisamos de tempo para sentir. Sentir o vazio de estar no sofá. Às vezes, o sofá fica velho. As nossas formas já não se acomodam às formas dele. Ele já não nos abraça com a mesma graciosidade e compramos outro ou mandamos arranjar o mesmo. E aí... Voltamos a re-construir toda a relação de confiança e conforto sem a qual não sabemos viver.

Acho que não sabemos viver sem o nosso sofá.



Acho que não sabemos viver sem a confiança no amor incondicional de alguém.
Alguém que está sempre à nossa espera quando regressamos seja lá de onde for.

Nenhum comentário:

 
Who links to me?