Fim de semana no sofá
Há várias relações que se podem estabelecer ao longo da vida.
Uma dessas relações pode ser com o nosso sofá.
É confortável. Podemos deitar-nos em cima dele e virar e revirar e voltar a virar. Quando chegamos recebe-nos de braços abertos. Quando vamos embora sem dizer nada ele não se queixa, porque confia e sabe que vamos voltar. E quando voltamos a deitar-nos com ele, o sofá sabe que nos tem só para ele pelo tempo que for necessário. Ele ganha as nossas formas. Nós acomodamo-nos a ele. Choramos. Caímos. E sentimo-nos como se fossemos abraçados. E mesmo quando saímos por mais tempo, ele conhece as nossas formas. E às vezes trazemos outras pessoas para ele sentir a vida que nos rodeia. Deixamos entrar alguém na nossa intimidade. Não é sempre, porque precisamos de tempo para sentir. Sentir o vazio de estar no sofá. Às vezes, o sofá fica velho. As nossas formas já não se acomodam às formas dele. Ele já não nos abraça com a mesma graciosidade e compramos outro ou mandamos arranjar o mesmo. E aí... Voltamos a re-construir toda a relação de confiança e conforto sem a qual não sabemos viver.
Acho que não sabemos viver sem o nosso sofá.
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