terça-feira, 15 de maio de 2007

Dois podem ser apenas um


La Educación de las Hadas

de José Luis Cuerda.
Este é um daqueles filmes que apetece ter em casa para rever uma e outra vez, talvez. É um desafio à nossa imaginação. Um desafio à capacidade de acreditar no mundo dos sonhos e da magia. Um desafio para acreditar que todos temos dentro de nós a capacidade de mudar a vida dos outros. As fadas andam por aí, basta acreditar nisso.

Existem pessoas que evitam as situações de partilha de rotinas
e as situações casuais de dia-a-dia.
Pergunto porque o farão? Será que assim se mantêm mais protegidas da perda? Será que evitam que os outros sejam parte delas próprias? Será que não conseguem partilhar as suas vidas com outras pessoas específicas, mas apenas com a generalidade das pessoas?

Não consigo responder a nenhuma das questões e se me esforçasse ainda conseguiria outras tantas.
Sei apenas o que me dói a relação que tenho com uma pessoa assim.

domingo, 13 de maio de 2007

Hoje estava a pensar que Gostava de ter dinheiro para me tornar numa CONSUMISTA: de livros, de discos, de filmes, de cinema e teatro, de concertos, de SPA's, de vinhos e comida, de viagens, de roupa interior e exterior, de cursos...


Mas se trabalhasse para ser assim, deixava de ter tempo para usufruir de tudo isso, não?

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Ela diz:
"- Sou medíocre em tudo o que faço!"
Ao que ele responde:
"-Auto-crítica é positivo, mas já pensaste em ter auto-compaixão para contrabalançar?"

terça-feira, 8 de maio de 2007

É dificil mudar de humor,
se há minha volta continuam todos os contextos exactamente iguais!

Deixei de acreditar na magia do:
"Um dia qualquer coisa mágica vai acontecer e eu sentir-me-ei tão grata quanto feliz"
Parece que ou bem que fazemos por isso, ou bem que não acontece nada.
Também parece que por vezes existem contextos mais ou menos propícios.

Qualquer coisa semelhante com um diálogo da Moushumi Mazumdar
(Namesake de Mira Nair):
"Quando percebi que nunca seria devidamente amada, decidi optar pelas aventuras..."
Há apenas duas semanas concluí algo de muito semelhante.
Ou a realizadora conseguiu captar um nicho de emoções, ou este sentimento é mais comum do que pensei.

A vida pode ser vista à luz da vida de uma árvore.

Nuns anos, o importante é deixar crescer a copa. Noutros, precisamos de reorganizar as raízes para que seja possível suportar o crescimento da copa. Por vezes, não admitimos que vale mais deixar secar um ramo do que perder toda a árvore. Outras vezes, não percebemos que enquanto reorganizamos as raízes estamos vivos e não deprimidos. Outras, ainda, temos que saber viver com uma poda mal feita e aproveitar a aprendizagem para o futuro. Noutras, pensamos que temos uma árvore invencível face a todas as tempestades e quase caímos, porque não sustentamos as raízes. E é importante não esquecer que apesar da nossa árvore nem sempre ser a mais perfeita, não devemos por isso, atirar com todas as folhas pelo ar. Porque se despimos todas as folhas, um dia a árvore pode desistir de criar. E quando não temos folhas, nem flores, devemos ser pacientes, porque em breve irão crescer novas...
A minha vida a partir de um tronco de árvore.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Se estiver atenta, parece que encontro sempre a resposta para as dúvidas.
Hoje aconteceu isso, enquanto via uma das luzes mais incríveis de fim de tarde a bater nos troncos das árvores do Parque da Cidade.

Às vezes parecemos que precisamos de dar a volta ao mundo,
para percebermos que sempre tivemos o que precisamos ao nosso lado!
Onde é que eu já ouvi isto???

Por ordem de preferência:
1. Crónica do Pássaro de Corda, de Haruki Murakami, casadasletras

Surrealista. Envolvente. Nem se sabe muito bem por onde andamos. Não se sabe o que nos espera em cada virar de página. Surpreendente. Uma viagem pelos caminhos da mente e da sociedade nipónica.

2. Aroma, de Radhika Jha, Dom Quixote

A minha Índia uma vez mais. A condição feminina. Amor. Paixão. Especiarias. Numa história em que o amor assume variadas formas. O cheiro. As refeições indianas. As histórias por detrás dos cheiros.

3. O último alquimista, Micah Nathan, Publicações Pena perfeita

Ora bem... Não parei enquanto não cheguei ao fim à espera de qualquer coisa que não encontrei. Uma desilusão. Deve ser o papel da alquimia: correr atrás de algo que não existe.

Mira Nair

The Namesake.
O último filme de Mira Nair. Aquela que fez o Kamasutra e o Casamento debaixo de chuva. Eu só vi estes dois, apesar de haver muitos mais.
Neste filme vemos o confronto cultural entre a Índia e o Ocidente de Nova York. O confronto geracional. A celebração da morte e da liberdade. Pegar numa almofada e num cobertor para conhecer o mundo. Sentimentos de estranheza num país que é quase o nosso. Regresso a um país que é nosso, mas onde as memórias não são as que temos. A procura do amor. O esquecimento do que é importante. Desistir quando não se encontra, para que logo a seguir nos apareça.
E é tão bonito vêr alguém dizer num filme algo que dissemos há 1 semana atrás. Faz-me sentir una como que em comunhão com um cosmos que não conhece culturas, nem tempos.

Palavras para quê?


quarta-feira, 2 de maio de 2007

terça-feira, 1 de maio de 2007

Quem me conhece já deve ter ouvido várias vezes o que vou escrever, mas neste momento emerge uma necessidade superior de colocar aqui por escrito. Da minha infância guardo a memória de três filmes que influenciaram escolhas, gostos, medos e sítios que escolhi visitar. Um deles, indiano, chamava-se "Irmãos Inseparáveis" - sei agora que deveria ser de Bollywood - e influenciou sem dúvida a minha paixão pela Índia e a sua cultura.
Outro, com o Kirk Douglas, não me lembro do nome, mas deixou-me sempre com o doce medo de quem nos persegue.
E o terceiro, sobre a vida da Edith Piaf, levou-me a gostar de Paris e das suas canções. Hoje fui ver o La Môme de Olivier Dahan. Relembrou-me porque tinha chorado a vê-lo na minha meninice. Lembrou-me porque fico sempre nostálgica quando ouço as suas músicas. E relembrou-me porque Paris para mim era o Paris de Piaf. A interpretação de Marion Cotillard é fabulosa e será a imagem que evocarei quando ouço estas músicas. Uma vida de perdas. Uma vida palcos. Uma vida, como tantas outras que me fazem pensar em como cada um pode fazer uso da sua própria.

Anjos exterminadores de...

... Jean-Claude Brisseau.

É um filme que pode perturbar algumas pessoas, quer com as cenas sensuais, quer com a realidade que o filme tenta demonstrar. As cenas eróticas são de uma beleza quase pueril. A realidade que habita na cabeça de cada pessoa, neste caso, de cada mulher, relativamente às fantasias sexuais. Esta realidade pode não gostar de estar exposta. Pode perturbar. Pode questionar a sexualidade e até onde vai o desejo sexual de cada um de nós. Pode abanar as estruturas da heterosexualidade ou da homosexualidade com que sempre nos habituamos a viver.
Eu particularmente gosto de filmes que mexem com os nossos desejos, medos ou crenças.

Aqueles que vão além do possível.


Xutos e Pontapés

Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.
E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,vai quem
já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...
No fundo do mar
jazem os outros, os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.
E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...
No fundo horizonte
sopra o murmúrio para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro, é tarde demais...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder
Fico sempre com a sensação de que este é o caminho com uma luz ao fundo da rua escura.

 
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