terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Entrelaçados

Conheço poucas imagens tão sublimes quanto dois corpos entrelaçados. Um pé que se enrosca noutro pé. Um braço que passa por cima do corpo e nos abraça enquanto adormecemos. Um movimento para o corpo se ajustar ao outro corpo.

Como disse, conheço poucas imagens tão sublimes quanto dois corpos entrelaçados a dormirem. A repiração que se ajusta, como se a natureza fosse feita para que dois corpos acabassem sempre juntos. O batimento cardíaco que desacelera.

E enquanto dormem encontram-se. Falam linguagens que não conhecemos, que não dominamos enquanto estamos acordados. Como se terminasse uma dança e começasse outra, quando adormecemos entrelaçados. Como se dormir entrelalaçado em alguém fosse um quarto de comunicação com a outra pessoa. Como se dormir entrelaçado pertencesse a um quadro renascentista com as peles em dourados e cores quentes.

Conheço poucas sensação tão sublimes quanto dormir entrelaçada em alguém quando o meu corpo se entende com o outro corpo. Quando a minha respiração se funde na outra e a certa altura já não me sinto. Apenas nos sinto: a ambos em sintonia.

4 comentários:

Luna disse...

Bonito...

Elentári disse...

Que bom deve ser ter uma pessoa com quem as coisas são assim, e com quem apetece que seja assim. É como encontrar uma agulha num palheiro...
Estranho, não me imagino a fazer isso com ninguém... E eu não era assim. Um dia temos de analisar isto. :)

rps disse...

De um post à prática vai um longo caminho. E há coisas mais belas escritas que concretizadas. Que incómodo, um peso morto ali ao lado!

uma da manha disse...

... e um beijo no ombro desse alguém... um abraço que faz tocar no calor e no cheiro desse alguém...

 
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